Colapso político de Várzea Grande - por Onofre Ribeiro

Jornalista Onofre Ribeiro.

Onofre Ribeiro é um jornalista que respeitamos muito, ele também escreveu um artigo muito coerente sobre a situação política e histórica de Várzea Grande.

Se os bairros da região do Grande Parque do Lago sofrem todo tipo de carências e serviços públicos de má qualidade, deve-se ao contexto político abortado neste artigo que publicamos na íntegra, a seguir.



É didática a cassação do prefeito Walace Guimarães, de Várzea Grande, na semana passada, e a sucessiva enxurrada de recursos judiciais que certamente resultarão num entra-e-sai que vai durar até o fim do ano de 2016.

Além de repetir a mesma novela dos dois últimos mandatos, alimenta e renova o ciclo de atrasos do município.

Mas remete ainda à recordação de dois municípios, entre cerca de 20 do estado de Mato Grosso, onde o entra-e-sai de prefeitos tem sido rotineiro.

Começou em Tangará da Serra, há cerca de 16 anos. O promissor município entrou por longo período em estagnação econômica, política e social do qual ainda não saiu. Perdeu a liderança na região.

Barra do Garças teve, Rondonópolis teve na década de 1990 a queda do prefeito Alberto Carvalho e, em 2011, do prefeito Zé do Pátio.

Desnecessário lembrar o quanto esses municípios sofreram com a interrupção dos mandatos e dos projetos em andamento ou previstos.

Como o jogo o jogo político municipal é baixo, a disputa se dá da cintura pra baixo. Por isso a tomada ou a retomada do poder é muito importante e predatória para os grupos políticos envolvidos.

Pior: sem a mínima consideração e respeito pela sociedade do município.

Por sua vez, o Poder Judiciário age distante da sociedade e desconsidera as consequências desse movimento cruel de entra-e-sai de prefeitos.

Na prática, os cidadãos desses municípios onde os prefeitos entram e saem ao longo do mandato, pagam um preço muito alto que terá de ser resgatado ao longo do tempo.

Perdem-se investimentos e negócios onde há a instabilidade política, como em Tangará da Serra e Várzea Grande neste momento. Rondonópolis foi capaz de superar isso, porque tem numa sociedade mais politizada e mais crítica.

Várzea Grande, que já foi o segundo município na economia do Estado, hoje é o quinto e tende a se distanciar mais, na medida em que não tem projetos duradouros de desenvolvimento.

Porém, cabe registrar ainda que o município não tem mais estoque de lideranças políticas e nem empresariais capaz de resgatar um modelo de gestão pra Várzea Grande.

Só a sociedade teria capacidade de corrigir isso numa próxima eleição. Acho difícil porque é uma sociedade despolitizada.

Empresarialmente desorganizada e desconectada do município. O futuro de Várzea Grande não parece muito diferente do seu presente.


ONOFRE RIBEIRO é jornalista em Mato Grosso.
onofreribeiro@terra.com.br
www.onofreribeiro.com.br

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